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Cap. 2 - O começo de tudo


Mas vamos voltar ao que interessa: “Ysa, e a história? Estamos curiosos!

Calma! Sem a base vocês não vão entender nada, e no fim vão me chamar de louca, rsrsrs. Sou a louca mais lúcida que você terá a honra de conhecer, hahaha. Sou exibida mesmo, nunca neguei, mas estou evoluindo para uma deusa menos exibida, viu gente?! Só não sei se vocês vão conseguir viver sem meu exibicionismo, por favor, me deixem evoluir, rsrsrs.

Como eu estava dizendo, todos os dias a noite eu recebia a visita de dois anjos: uma mulher alta, loirinha e linda, e um anjinho engraçado que contava piadas sem graça, e queria me fazer rir... Apesar disso, ele era legal. Dois anos se passaram e eu tinha feito uma “faculdade intensiva”. A noite passava, mas quando eu retornava ao quarto ainda era meu horário de dormir, eu não conseguia conceber essa loucura, e isso só me fazia ter a certeza de que o tempo, realmente, não existe. Mas eu não estava preocupada com isso, o tempo era só um detalhe. Eu estava preocupada com os sonhos que estava tendo toda vez que voltava da minha viagem de estudos. Os sonhos eram sempre iguais, e eu não entendia o motivo de sonhar a mesma coisa todos os dias...

Pela manhã, eu levantava e anotava cada detalhe, e eu comecei a perceber que não eram sonhos, e sim lembranças. No sonho, meus dois anjos acompanhavam minha mãe durante meu parto, e como nasci em um hospital público em situação precária, quase morri. Eu e minha mãe iríamos perder a vida na sala de parto, pois os médicos mandaram minha mãe esperar, mas ela estava há dois dias tendo fortes contrações, roxa, inchada, e para piorar o quadro ela estava apenas com 7 meses de gravidez. Eu, na barriga, estava sufocando já sem ar, foi quando eles colocaram a mão e passaram oxigênio para mim. E foi assim que aguentamos até o nascimento. O anjo foi atrás do médico e fez ele ir até o quarto onde minha mãe estava, e o médico, quando viu o estado dela gritou:

-Por que ninguém me avisou dessa paciente? Ela não vai aguentar, e nem a criança. A criança está atravessada, nunca ia conseguir nascer normal, vamos para o centro cirúrgico, corram! Elas não tem muito tempo! Não sei se consigo salvar uma delas. Chamem a família e comuniquem que é uma cirurgia de risco e temos que começar!

E no meio de gente correndo, enfermeiras gritando, minha mãe chorando e gritando de dor, meus anjos estavam lá: um segurava a mão do médico que só tremia e rezava, uma oração que nunca vi. E a minha anjinha segurava a mão da minha mãe. Ela estava ali vestida de enfermeira e conversava com minha mãe:

-Calma, a dor já vai passar, eu te dei um remédio forte e a sua menina vai nascer forte e linda para brilhar e conquistar o mundo.

Em um parto difícil eu nasci roxa, pequena, não chorei, mas estava respirando. Minha mãe deu um sorriso e perguntou:

- Ela tá bem? Ela tá viva? Ela vai viver?

- Calma, dona. Sua filha é pequena, prematura e estava muito tempo sem oxigênio. É normal que ela esteja cansada. Olhe, ela está com os olhos abertos.

Minha mãe segurou a minha mão e me deu um beijo na testa. Então, a enfermeira falou:

- Rápido, tenho que leva-la, ela não pode ficar aqui, precisa ir para uma incubadora urgente!

Me levaram, e a anja enfermeira foi junto e cantou para mim. Enquanto me limpavam e vestiam a minha roupa, uma batinha branca com florzinha rosa, que me engoliu porque era grande demais, me enrolaram e colocaram dentro da incubadora com os olhos cobertos de uma luz super forte que chegava a esquentar. Eu não estava gostando de não poder abrir os olhos, estava tudo escuro, mas eu estava cansada demais para chorar e tinha alguém cantando pra mim. Então, eu dormi, e quando acordei ela ainda estava lá, eu não a via, mas podia ouvir a sua voz. Ela falava:

- Sua mãezinha está bem, florzinha, mas ainda não pode levantar e nem você pode sair daí... por isso vou te dar um leite especial que vai deixar você forte para sair logo desse lugar horrível.

Eu sentia pingar na minha boca vindo de um algodão, e de 4 em 4 horas ela me alimentava, conversava e cantava. Nunca chorei. Três dias depois, eu acordei com a voz da minha mãe. Ela estava se preparando e recebendo orientações de como me segurar, e como me dar de mamar. Enfim, eu senti o colo da minha mãe, era tão bom e era quentinho... Não era igual àquela incubadora abafada, e eu só queria nunca mais sair do colo dela. Ela tentou me dar de mamar, mas o leite dela não desceu. Então minha anja a ensinou como me alimentar com algodão, e falou para ter paciência e ficar calma que ia descer.

O momento do parto foi traumático, era prematuro, e o corpo precisava de tempo para se acostumar. Vinte minutos depois ela teve que ir, e eu fiquei de novo naquela incubadora quente, sem ver nada. Era entediante, mas a anjinha cantava e eu dormia. E foi assim por um mês. Minha mãe teve alta em 8 dias, mas eu tive que ficar. Ela me visitava todos os dias e ia embora sempre triste, eu podia sentir, então também ficava triste. Mas a anja não me deixava sozinha, e quando minha mãe saía, ela me colocava pra dormir. No meu último dia no hospital eu já estava fora daquela caixa quente, toda arrumadinha, esperando minha mãe para ir pra casa. Ainda não tinha conhecido meu pai, mas ele ia me visitar na janela olhando, mas não tinha coragem de me pegar e nem de entrar. Eu tinha, 1,700 kgs e era muito pequena, isso assustava todo mundo, parecia que eu ia quebrar de tão frágil, não tinha sobrancelha e nem cabelo. Eu estava esperando minha mãe, enfim, ia sair daquele hospital. A anja estava do meu lado segurando minha mão e cantando... A porta abriu, e de repente ela parou de cantar, sorriu e disse:

- Venha aqui, não tenha medo. Essa é a sua AHLIF = “filha”, cujo nascimento se deu através de outra mulher, mas o amor incondicional vai além dos laços de sangue. Você ainda é muito novinha para entender o poder de uma mãe espiritual, mas um dia você vai se sentir uma com ela de tal forma que você vai sentir a dor do parto, e ela vai ser insignificante perto da dor de vê-la sofrer. Tudo o que você pediu quando foi criada foi para ser mãe. Era seu sonho, você ficava horas olhando os bebês nas maternidades e queria segurar, e estudava tudo sobre bebês na maternidade. Porém, você é anjo e foi criada para auxiliar e intervir em momentos de desespero. Você foi escolhida como mentora, e já vai ter muito trabalho com essa pequena flor aqui. Filhos dão mais trabalho que você pensa, e os espirituais são ainda mais especiais, pois são os laços de alma.

- O que? Como assim mãe? Mas não era a minha mãe, era uma garota nova demais para ser a minha mãe.

Ela se aproximou e ficou me olhando, segurando minha mão por alguns minutos. Ela disse:

- Bebê, você é minha , e é tão pequena, tão linda, e hoje é o dia mais feliz de todos os dias da minha existência.

Ela deixou cair uma lágrima em meu rosto e eu chorei pela primeira vez. Ela me pegou no colo, como se realmente tivesse se preparado a vida toda para isso, e me deu um beijo na testa. Eu nunca vou esquecer os olhos dela brilhando, cheios de lágrima, os cabelos escuros cheios de cachos e o sorriso largo misturado com lágrimas, e o coração dela estava batendo tão forte que eu podia ouvir, era tudo tão intenso que eu senti todo o seu amor por mim. Ela me olhou e me disse:

- Seu nome é Ysa Flor. Você nasceu em um lugar sujo, sem condições humanas, praticamente dentro de uma enchente criada por água, no entanto está aqui, forte, linda e brilha como uma estrela guia. Só conheço uma flor que suportaria tudo isso, a flor de lótus. Um dia vou te levar para ver várias, e você vai ver como se parece com elas. Porém, você é ainda mais linda e mais brilhante, e isso te fez única entre elas. Ysa: Casta, pura, Deus é salvação – Dádiva de Isis. Flor – a bela – a jovem – a fértil – a harmoniosa. E com o poder concedido somente a mim, somente pra você eu vou acrescentar: Amorosa, fiel, sedutora, Deusa do amor e da sedução, Sábia, Única, Intensa, Livre, Titular. Todo o céu, e todos os anjos te concebem hoje como presente seu maior desejo realizar. Em nome do Pai, da Mente Divina e de toda a Tribo Celeste eu te abençoo. E que assim seja.

A anja estava chorando, então me pegou do seu colo e disse:

- A mãe dela está chegando. Vamos deixa-la aqui e ficar na janela. Florzinha, um dia vocês vão se encontrar para ser uma lenda, e eu vou ser a guardiã da sua missão, intercessora, e quando você precisar eu vou aparecer. E o anjinho de cabelo de parafuso também vai estar sempre perto de você. Vá com sua mãe terrena e seja forte, eu te abençoo com a força do seu nascimento. Você é um milagre e prova ser uma guerreira. Vamos, Ana, essa aqui não vai ser flor que se cheire.

Ela me beijou na bochecha, e saiu puxando a mão de Ana, que não queria ir:

- Vamos menina, a mãe dela chegou, não chore. Vai passar rápido, você vai ver, logo você vai encontrá-la.

- Logo? Mas são 17 anos sem vê-la!

- Lembre-se que onde você estiver vai ser bem menos. E nunca mais nada irá separá-las. A deixe ir, ela precisa viver a experiência para salvar vidas... O amor incondicional que você pediu é isso – Sacrifício de Cruz. Eu sei que dói, mas pelo bem dela ficaremos felizes e orgulhosas. Hora de ir.

As duas sumiram da janela e nunca entendi como tive um sonho tão real e detalhista. Minha mãe chegou e eu, acostumada com a voz da anjinha cantando, não conseguia dormir, então chorava, mas ela não conseguia entender que eu queria música. Então ela passava a noite tentando me dar leite, chupeta e me balançando tanto que eu vomitava. Era cansativo para nós duas. Quando eu conseguia dormir, já era dia. O leite da minha mãe chegou, mas durou pouco. Depois de dois meses secou, e eu tive que tomar mamadeira, e o leite artificial me deixava com cólica e agitada. Eu não dormia à noite e nem ela. Todos os dias ela me levava para tomar sol, pois eu ainda estava com icterícia, e fomos nos adaptando. Aos 4 meses eu já não chorava mais e dormia a noite toda. E foi assim que fiquei sabendo a história da minha vida. Lembrei-me que, na verdade, os anjos estiveram comigo durante toda a minha infância, desde que eu nasci. Quando eu completei 7 anos, eles me falaram que eu tinha uma missão no mundo, e que eles eram anjos lá do céu, tipo anjos de verdade, e como eu cresci nessa realidade como eu poderia duvidar? Eles também me ensinaram a fazer projeção astral e meditação. Lembro-me que eles me levaram a vários lugares para meditar, passear e até brincar. Era tudo como um conto de fadas para mim. Sempre acordava cheia de histórias, acordava animada e minha mãe me dizia:

- Querida, foi tudo um sonho, você sonha todos os dias com as mesmas pessoas, não entendo isso. Olha aqui, anjos não existem, entendeu? Pare de contar histórias, sei que você é criativa, inteligente, mas isso já passou dos limites. Ouço você conversando sozinha e quando entro no quarto não tem ninguém. Isso já está assustador, vou levar você ao psicólogo. Agora vamos, acabe seu café para não atrasar para a aula.

Eu chamava Meneguel de Xuxa, e foi com esse nome que ela ficou conhecida como a maior cantora e apresentadora infantil, “ a rainha dos baixinhos”. Sim, pasmem, mas era ela o meu anjo, ou melhor, minha anja. E o anjo eu chamava de Nôno (9º), e por isso a minha mãe contava pra todo mundo que eu chamava ela de Nôno, rsrsrs, porque as vezes eu estava conversando com o anjo, mas ela achava que eu estava falando com ela. Eles apareciam para mim com frequência e cuidavam de mim também. Foram eles que me ensinaram a ler e me ajudavam na tarefa de casa. Mas eles estavam lá para me amparar para uma grande missão: “ser compositora”. Eles me falavam que eu tinha dons musicais, uma voz linda, mas meu talento era compor, e eu conseguiria compor o que eu quisesse: Músicas, textos, poemas, rimas... Me mandaram pedir um caderno a minha mãe para começar a praticar. No dia que minha mãe chegou com o caderno eles me ensinaram o que eram notas musicais, frequência energética e vibratória, tons alto e baixo, acordes... Falaram que meus ouvidos tinham uma grande sensibilidade para a música, e que eu não precisaria de nada além disso para compor, mas que eu nunca poderia compor sem meditar antes, pois era isso que elevaria a minha energia e vibração, pois minha missão era usar a música como cura na vida das pessoas e expandir a consciência da humanidade. Eles me ensinaram sobre expandir a consciência, me passavam exercícios e leituras, e eu ainda não entendia muita coisa, mas estava empolgada com a história de saber fazer música. Logo, fiz minha primeira tentativa e compus uma música para xuxa. Tinha que ser para ela, claro, afinal ela era a minha melhor amiga e eu me lembro o quanto essa parte da minha infância foi feliz. Compus a música “lua de cristal”, com melodia e tudo. Quando ela ouviu ficou orgulhosa e disse:

- Menina, você é boa mesmo, toca aqui. Vou gravar e vai ser um sucesso. Mas lembre-se: você nunca vai poder contar a ninguém que compõem pois se trata de algo sobrenatural, ninguém nunca vai entender o fato de você ser uma lenda. Você vai compor músicas que vão ser assinadas e cantadas por cantores que nem nasceram ainda no seu tempo. Quando você crescer mais um pouco, alguns já terão até “morrido.

- Como assim Xuxa?

- Você não vai entender, você ainda é muito pequena. Quando tiver a maturidade certa, nós vamos contar tudo. Você só precisa entender que no astral não existe tempo: nem passado, nem presente, nem futuro. É tudo uma coisa só, é uma linha reta que se encontra no mesmo eixo. Agora vamos cantar, vamos dançar.

- Êba!!!” Eu falava assim e subia na cama com ela, e começávamos a cantar. O Nôno anjo tocava violão, ele sempre estava com esse violão.

Quando minha mãe chegava do trabalho eu estava pulando e cantando alto, conversando também com Xu e Nôno, e ela não entendia nada. Meu pai falava:

- Deixa a menina, ela não precisa de médico, ela só tem um amiguinho imaginário desde os 4 anos de idade, você não sabe? Vai que ela tá brincando com ele, é normal que desenvolva amigos imaginários, pare de se preocupar a toa.

- É, você tem razão, deve ser isso”, ela dizia.

Eu ouvia, e Xu falava:

- Sua mãe tá preocupada, mantenha nosso segredo pois se ela souber não vai acreditar e não podemos aparecer para ela.

E eu questionava:

- Por que não?

E ela falou:

- Porque estamos aqui como seres espirituais e não podemos nos materializar ainda. Estamos em preparação para a humanização.

- E por que eu vejo vocês?

- Por que você é um ser mais espiritualizado que humanizado.

- Como assim? Eu sou anjo igual a vocês?

- Não, você é humana, mas possui o 3º olho aberto, o que te dá acesso direto para o mundo espiritual e a qualquer lugar que precise ir. Por isso estamos aqui, para ensina-la a ir sem riscos, e por isso que a meditação é uma base tão importante, sem ela não teríamos o controle necessário. Precisamos de controle mental e espiritual, somado a equilíbrio, energia certa e alinhamento vibratório. Sem isso, corremos risco, tipo ficar preso em astrais obsessores, que vibram em baixa frequência, ou entramos em um portal e vivermos um vida que não é nossa. O mundo é cheio deles – Os Portais - Portais desconhecidos que nos levam a mundos ou realidades paralelas e se não estivermos conscientes corremos o risco de viver em duas realidades ao mesmo tempo, e até fazer uma colidir com a outra. São coisas sérias que merecem atenção. Tem muita gente perdida, inclusive crianças como você em outras realidades das quais não podem sair até que o ciclo se complete.

- Como assim, Xu?

- Deixa esse assunto pra depois e coloque o foco no seu talento. Eu preciso ir, daqui a dois dias eu volto. Eu quero ver esse caderno cheio de músicas, ok? Use as vibrações certas que te ensinamos, paz amor, gratidão, e use os seus 5 mais poderosos sentidos. Você só precisa se conectar a essa energia e deixar fluir.

- Ok, Xu, deixa comigo. Vou fazer mais pra você cantar na TV. Eu amo você Xu...

- Também te amo baixinha, até mais”. Se comporte e não responda a sua mãe.”

- Ok, Xu. Tchau. Mande beijos para a tribo celeste.

- Ok, baixinha, fui!

Dois dias depois, quando Nono e Xu voltaram, meu caderno já estava cheio e eles ficaram surpresos. Tinham 20 músicas que seriam sucesso! E foram.

Xu gravou um CD que naquela época chamavam de disco. Ela estava feliz e orgulhosa, isso me incentivava e inspirava ainda mais. Mas, como toda criança exibida, eu queria contar aos meus coleguinhas da escola, então levei o caderno e contei a eles que via anjo, que Xu e Nono eram anjos e que eu viajava no tempo com eles durante a noite para conhecer lugares, museus, arte e parques, céu e astral. Falei que fazia música e que era eu quem fazia as músicas de Xuxa, que eles tanto veneravam. Uns acreditavam, outros não, e chegavam em casa contando aos pais. No outro dia tinham mães na escola querendo saber da professora se isso era verdade. A professora falou:

- Pelo nível intelectual dela eu não duvido, ela sabe de coisas que nem eu sei. Outro dia ela me deu conselhos amorosos e resolveu. Eu e meu namorado paramos de brigar depois que ela me falou o motivo pelo qual estávamos brigando.

- Como assim professora? Você pediu conselhos amorosos a uma criança? Isso é grave!

- Não! Foi sem querer, ela percebeu que eu estava triste. Sempre que todos saem para o recreio ela fica na sala, lendo um livro sobre a Grécia e os deuses. E as vezes, ela me fala cada coisa, como uma adulta. Ela me disse que nunca assistiu desenhos e nem gosta de doces ou tv. Isso é normal para uma criança? Ela nunca chupou uma bala, nem chocolate, e quando as crianças dão a ela, ela devolve. Eu acho que ela é uma criança especial e madura demais para a idade dela, porque ela lê muito e sabe muitas coisas. Então nesse dia ela estava lendo e eu arrumando meu armário. Ela veio até mim e falou:

- Pronto professora, eu não perguntei antes para não deixa-la desconfortável na frente dos colegas, mas todos já saíram, então me fale, por que está triste?.

- Você sempre usa palavras tão difíceis e bonitas e sempre entende tudo, como faz isso? - Ela olhou para mim e disse:

- É simples, professora. Eu uso uma coisa chamada dicionário, e você também deveria. Vai enriquecer muito o seu vocabulário.

- Menina, quem lhe ensina essas coisas?.

- Meus anjos. Eles falaram que toda vez que eu não souber de algo eu devo fechar os olhos e encontrar a resposta dentro de mim. Então faço meditação todos os dias.

- E o que meditação tem a ver com dicionário?

- Pensa professora... se eu não sei o que significa alguma coisa eu penso, logo vem em mim a necessidade de busca e eu me pergunto: o que me daria a resposta certa? Eu penso – Claro, o dicionário! Não é nele que procuramos o significado das palavras desconhecidas?

- Sim, claro.

- Então é assim. Acontece que temos os 2 tipos de dicionários, o físico e o espiritual.

- Como assim menina?

- O físico é o livro, mas nem sempre ele responde tudo. Sabe por que?

- Não!

- Porque foi um homem humano e cheio de limitações que escreveu, e não há nada que um homem sem Deus consiga fazer com perfeição porque sem Deus ele não descobriu a essência dele, e ele só vai acessar o “Seu Deus Interior” quando descobrir qual a sua essência para contribuir com a humanidade.

- Nossa, você me deixa arrepiada. Você fala coisas que eu não entendo, mas parece tão confiante quando fala.

- Claro professora, agora me fale, eu posso te ajudar.

- Ah, não pode não, é coisa de adulto, problemas com meu namorado.

- Vocês adultos falam que não entendemos nada, mentem para nós e escondem tudo, nos criam em meio a mentiras e quando crescemos nos proíbe de mentir, fala que é errado, mas foram vocês que nos ensinaram a mentir. Por que os adultos acham que somos burros? Olhe professora, nunca minta para seus filhos pois mesmo que minta eles vão saber. Nós crianças estamos mais conectadas com a nossa essência do que vocês adultos. Vocês não sabem nem resolver um conflito interno, imagina se vão conseguir resolver um externo? Nunca!!! Por isso a senhora está aí, triste. Brigou com o namorado e continua brigada, porque não sabe resolver, mas eu sei...

- O que você disse? O que foi tudo isso? Como saberia resolver uma coisa pela qual nunca passou? Você é só uma criança!

- Professora, não me subestime! Posso ser uma criança, mas leio mais que você e na minha idade já li livros que você não leu em 25 anos. E como falei, sou mais nova, portanto estou mais conectada ao meu eu interior que sabe tudo, porque a resposta está sempre dentro de nós. Agora me diga a causa da briga e te mostro a solução.”

- Duvido.

- Então fale. Mas se eu resolver o seu problema eu quero que pare de me dar essas tarefinhas de bebê pra fazer. A senhora sabe que eu não suporto essa baboseira. Não sei porque estou na escola se nunca aprendi nada aqui. Que tédio! Se eu te ajudar quero que me traga livros de verdade, e me dê tarefas a altura.

- Mas que tipo de livros e tarefas você quer?

- Pode ser livros policiais, de investigação criminal. Adoro crimes, provas, DNA. Professora, gosto de livros inteligentes que me ajude a aprender sobre a vida. Gosto de desvendar mistérios. Pode ser de física quântica, átomos, moléculas...

- Calma ai, você lê tudo isso? Menina, são livros do ensino médio e faculdade. Você quer que eu seja demitida, dando livro de investigação a uma criança? Olha, não posso fazer isso, sinto muito.

- Por favor, professora, eu sei guardar segredo, ninguém vai saber, eu só leio no intervalo, só são 20 minutos, deixa vai. Você e seu namorado nunca mais vão brigar.” - - Ok, se você souber me ajudar eu trago.”

- Vamos lá, me conte.

- Eu estou em dúvida. As coisas entre nós anda desinteressante há um tempo. De 6 meses pra cá está um tedio. Ele nunca acerta a data de aniversário de namoro, parou de mandar mensagens durante o dia. Eu quero casar, ter filhos, ele nunca toca no assunto, e tá tudo mudado. Ele não passa mais no meu trabalho pra me buscar... Ele deve ter outra. E hoje de manhã, quando ele abriu os olhos eu estava mexendo no celular dele tentando descobrir alguma coisa. Aí ele não gostou e brigamos feio.

- Professora, para, não precisa falar mais nada..

- Calma menina, não acabou aí.

- É eu sei. E também sei o motivo e tudo que vem na próxima cena. Affff, acho esses filminhos de romance tão clichês. E nada interativo.

- Como assim? Como pode saber?

- Espera, vou reconstruir a cena. Depois disso foi só bate boca e ninguém conseguia falar. Foram para a cozinha discutindo, tiveram o pior café da manhã da história. Era impossível falar porque os dois estavam tentando explicar seus motivos, e os dois donos da razão, nenhum cedeu pro outro, foi ficando exaustivo, e entre gritos e ofensas ele pegou a chave do carro e saiu sem comer. Ele te deixou lá, parada, com cara de “bunda” se sentindo injustiçada. Deu um aperto no peito, você tremendo começou a chorar e só conseguia pensar, “nossa, como ele mudou, ele jamais faria isso antes, ele está errado... e blá, blá, blá... acusações em cima de acusações, e não acaba aí. Você também não consegue tomar café, vai se arrumar pra vir dar aula, mas enquanto isso só pensa que ele realmente tem outra. “Só pode ser isso, não tem outra explicação.” Então saiu distraída, pensando isso até aqui. Aposto que esqueceu alguma coisa em casa de tão fora da realidade que você se encontrava ou ainda se encontra, certo?

- Nossa! Como pode? Como entende isso? Não é normal uma criança entender e adivinhar coisas assim. Estou chocada!

- Chocada fico eu com a insanidade mental de vocês adultos. O cérebro de vocês atrofiam por falta de uso, por que não conseguem fazer nada certo? Por que são imaturos, por que discutem e destroem relacionamentos por coisas tão banais?” Não, não precisa falar, eu sei a resposta, só perguntei para te fazer refletir. Adultos não costumam fazer isso, ao menos não aqui nesse astral.

- Como assim? O que é astral? Do que você está falando? Você me ofende menina, sou sua professora, como não pensaria? Tive que fazer faculdade e estudar anos, sabia?

- Sim professora, eu sei, também estudo muito. Mas não é matéria de faculdade que vai te salvar, nem te tornar um ser pensante. Só quem pode fazer isso é você mesma e a sua consciência. Só com ela podemos chegar a nossa essência e encontrar paz e equilíbrio. Você está com os chacras desequilibrados, precisa de uma revitalização energética. Você está se deixando levar por pensamentos destrutivos, e negatividade só vai atrair mais negatividade.

- O que? Você está do lado dele? Olhe o que ele está fazendo comigo!

- Pare agora. Desliga, reinicia e volta a terra. Seja lá o além em que a senhora está, saia e volte. Está tudo errado. E a única “culpada é a senhora mesmo. Respira 3 vezes profundamente, prende o ar e solta pela boca... Isso. Melhor agora? Ok, senta e escuta aqui: 1ª coisa: você não ama mais o seu namorado.

-Amo sim! Você não tá vendo meu sofrimento menina? Como fala uma coisa dessas?

- Não! Não ama, não! Só escute e fica calada até eu terminar, e se eu estiver errada tudo bem. 1º : Não ama! A senhora começou a conversa falando que estava em dúvida. Isso significa que estava avaliando ha 6 meses o seu relacionamento, e se isso é verdade, não ama! Porque a partir do momento que você tem duvida é porque já não vale mais a pena. O amor é certeza. O amor não tolera o “SE”. O amor é autossuficiente. 2º : Em nenhum momento você reconheceu a culpa na situação. Você só acusou ele, e só ele estava errado. Na sua narrativa você está tão focada em você mesma, que você não para pra prestar atenção no que ele está sentindo, não pensa que se de fato ele mudou foi porque você também mudou. Toda ação tem uma reação. Se você recebe algo que não gosta preste atenção no que você está dando. Para, analise a situação e se coloque no lugar dele. Saia de cena e só observe a ação que acabou de relatar. Pare de cobrar do outro e passe a dar. Se ele não faz mais o café da manhã e leva na cama, então faça você e leve para ele. Se ele não é mais romântico, então seja você para ele. E se ele não te pega mais no trabalho, então vá você buscar ele. Tudo o que você se queixa que ele não faz, comece a fazer por ele. Com certeza ele vai perceber e pensar, “poxa, eu nunca mais fiz nada disso, e ela se dedica tanto.” Com certeza ele vai se envergonhar, ou no mínimo vai refletir. E é essa atitude que vai trazer a mudança que você quer. E não vai reclamar, brigar e sair do controle. Você já acordou berrando, invadiu a privacidade do cara, mostrou que não confia nele e, pior ainda, acusou sem provas. E esperava que ele acordasse como? Só se coloque no lugar dele. Toda vez que você se colocar no lugar do outro você vai deixar de ter problemas para ter soluções. Você está errada! Você viu que a situação saiu do controle, aí você tentou controlar ele no grito. Isso não é amor. É o ego falando. Ego e amor não combinam, eles não andam juntos. Tá vendo? Não é amor. Se você não confia na pessoa que está ao seu lado, que dorme e acorda com você, a pessoa que você escolheu pra olhar nos olhos e dizer que ama, então você não confia em você, e o problema tá todo aí: O problema está em você, e não nele. Porque se você não confia em você, que escolheu ele, então jamais vai confiar nele ou em ninguém. Tudo começa em você. Os outros é extensão de você! Não é controlando as pessoas que se mantem os relacionamentos, é controlando as suas emoções, e para isso a lição número 1 é: você precisa se conhecer para entender como você funciona, e para aprender a lidar com o seu lado sombra. Só dessa forma você pode construir um relacionamento com alguém, depois de construir um relacionamento com você mesma. Se você tiver inteligência emocional, você terá controle de você mesma, e a partir daí o mundo muda, as pessoas mudam e você evolui. Entende o que eu quero que enxergue, professora? Você precisa de inteligência emocional, e só o auto conhecimento faz isso. Agora, vou traduzir tudo o que eu disse. Motivo da briga: Ego, falta de confiança, relacionamento caiu na rotina. Solução eu já dei: livro de auto ajuda não resolve, esse ái em sua mão é uma porcaria, pode jogar no lixo. Com toda sinceridade? Não vai resolver. Você pode falar, gritar e escrever mil vezes que você é linda, que se ama, mas se você não acreditar nisso, você vai estar jogando palavras ao vento. Quando você e seu namorado se olham e dizem “eu te amo”, vocês deveriam saber o que isso significa antes de falar, sabia? E se eu fosse você nunca mais diria essas palavras sem antes entender. Sabe a fada? Aquela que aparece em desenhos usando varinhas mágicas, falam uma palavra e de repente acontece? É tipo isso... Amor é mágica, e Eu Te Amo é uma frase de poder, e se você colocar sentimento ao falar... aí já era... Todas a palavras tem seu motivo de existir, tem sua história por trás de cada frase, de cada síntese, de cada contexto, e do quanto você está disposta a ir além. O universo é infinito e não pense que o mundo é único. Nunca acredite que o mundo é só isso, que o céu é o limite ou que não existe vida em outras vidas.

- Calma, calma, menina, do que você está falando? Tô tonta, preciso respirar. Você falou coisas que eu precisaria uma vida inteira para compreender.

- Desculpe professora, me empolguei, gosto de falar, em casa nunca tem muita companhia. E então meus livros, tá de pé?

- Claro, amanhã trago dois, mas ninguém pode sonhar, entendeu? Garota, você é especial, e com certeza será professora, mas não como meu. Será uma professora de vida, não sei como se fala mas você vai ensinar e tocar muitas pessoas grandes.

- Deus me livre ser professora, eu não teria paciência. Humanos são “burros”, não entendem nada, e mesmo sem motivo são tão descrentes, não acreditam nem neles mesmos, como podem acreditar em algo que está além da visão e da capacidade cognitiva deles? A vida é tão simples, mas as pessoas são tão complexas”...


©Ysa Flor

Serendipity 11:11 - O Portal do Amor

Capítulo 2 - O começo de Tudo

@meumundoparalelo.oficial


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